Guterres: “A paz é o alicerce das Nações Unidas — e as Operações de Paz são sua pedra angular”
Discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Defensora de Gênero das Forças de Paz, Prêmio Policial das Nações Unidas do Ano e da Medalha Dag Hammarskjöld.
Excelências, Senhoras e Senhores,
Há poucos instantes, depositei uma coroa de flores em homenagem aos(as) Capacetes Azuis.
Quatro mil e quatrocentos dos nossos preciosos Capacetes Azuis perderam a vida desde que as operações de paz das Nações Unidas foram estabelecidas — há exatamente 77 anos.
Em memória deles e delas, gostaria de pedir a todos e todas presentes nesta sala que observem um momento de silêncio. [PAUSA]
Obrigado.

Todos nós rendemos tributo às mulheres e aos homens corajosos que morreram — longe de casa e de seus entes queridos — servindo à causa mais nobre da humanidade: a paz.
Hoje, entregamos a Medalha Dag Hammarskjöld a 57 profissionais que pagaram o preço máximo pela causa da paz no último ano, além de outro Capacete Azul que perdeu sua vida em 1973.
Guardamos todos(as) em nossos corações.
E nos solidarizamos com suas famílias e entes queridos.
Seu serviço e sacrifício jamais serão esquecidos.
Queridos amigos,
A paz é o alicerce das Nações Unidas — e as Operações de Paz são sua pedra angular.
Essa mensagem foi reforçada no início deste mês, na Reunião Ministerial sobre Operações de Paz, realizada em Berlim. Mais de 130 países e parceiros se uniram em prol das operações de paz — e assumiram compromissos concretos para fortalecê-las.
Foi um testemunho comovente de que o valor e o trabalho dos(as) nossos(as) Capacetes Azuis são reconhecidos em todos os cantos do mundo.
E uma homenagem às operações de paz e às pessoas que as tornam possíveis — todas aquelas que hoje estamos homenageando.
Ao longo das décadas, mais de 2 milhões de mulheres e homens serviram em 71 missões em quatro continentes.
Sou profundamente grato aos nossos Estados-membros por essas contribuições inestimáveis.
Nas comunidades e países em que servem, os(as) Capacetes Azuis das Nações Unidas são um símbolo do que a ONU tem de melhor.
E, juntos(as), ajudaram a melhorar milhões de vidas:
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Protegendo pessoas, preservando a paz e oferecendo esperança...
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Reconstruindo infraestrutura, fortalecendo instituições e garantindo assistência vital.Com seu apoio, nações ao redor do mundo
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fizeram a transição da guerra para a paz.
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E muitos desses países hoje também contribuem com Capacetes Azuis — usando sua própria experiência para ajudar outros que precisam.
Precisamos garantir que esse recurso global essencial continue prosperando no longo prazo.
Queridos amigos,
Nestes tempos desafiadores e de tensões, isso significa adaptar as operações de paz às novas realidades.
As missões de paz da ONU enfrentam situações complexas em um mundo igualmente complexo:
Terrorismo, crimes transnacionais e desinformação, que os tornam mais vulneráveis a ataques.
O Pacto para o Futuro, adotado no ano passado nas Nações Unidas, inclui um compromisso de adaptar nossos esforços de paz a esse mundo em transformação.
O primeiro passo — uma revisão das Operações de Paz da ONU — já está em andamento.
E continuaremos a trabalhar com os Estados-membros e outros parceiros para avançar nessa agenda.
Devemos isso às mulheres e aos homens valentes que serviram — e que deram suas vidas — sob a bandeira azul das Nações Unidas.
Excelências, queridos amigos,
Hoje, ao homenagearmos os(as) que perderam suas vidas, também celebramos as conquistas dos(as) nossos(as) Capacetes Azuis — do passado, do presente e do futuro.
Incluindo o papel essencial das mulheres na prevenção, promoção e manutenção da paz.
Isso foi reconhecido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas há 25 anos, com a adoção da Resolução 1325.
Mas, um quarto de século depois, é uma triste realidade que as mulheres ainda sejam rotineiramente excluídas e marginalizadas nos processos de paz.
As Nações Unidas têm feito esforços decididos para mudar essa realidade:
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Formando equipes diversas e inclusivas...
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E apoiando, protegendo e empoderando mulheres nas regiões onde atuamos.
Hoje, reconhecemos duas mulheres extraordinárias:
- Líder de Esquadrão Sharon Mwinsote Syme, de Gana, vencedora do Prêmio Defensora de Gênero nas Forças de Paz do Ano;
- E Superintendente Zainab Gbla, de Serra Leoa, vencedora do Prêmio Policial das Nações Unidas do Ano.
O Prêmio Defensora de Gênero nas Forças Armadas do Ano reconhece a dedicação e o empenho na promoção dos princípios da Resolução 1325.
E a Líder de Esquadrão Sharon Mwinsote Syme demonstra essas qualidades em abundância.

Como assessora militar de Gênero na Força Interina de Segurança para Abyei, seu trabalho de aproximação fortaleceu os laços com a comunidade e trouxe uma perspectiva de gênero para o trabalho no terreno.
Seu trabalho nos ajudou a compreender melhor as preocupações de mulheres e meninas — e a construir soluções em conjunto.
Isso desempenhou um papel vital na capacidade da missão de responder às necessidades da comunidade local.
Ela também liderou uma intensa campanha de saúde na comunidade, com foco no combate à violência baseada em gênero e no fim do casamento infantil, que teve impactos duradouros.
Obrigado, Líder de Esquadrão, por seu serviço.
O Prêmio Policial das Nações Unidas do Ano celebra modelos de referência nas operações de paz.
E a Superintendente Zainab Gbla, da Serra Leoa, é exatamente isso.

Ela serviu nos últimos dois anos na Força Interina de Segurança para Abyei, atuando tanto como Oficial de Gênero quanto como instrutora policial.
Quando chegou, a região não tinha nenhum local para que crianças pudessem estudar. E ela agiu:
- Iniciou um programa escolar...
- Forneceu materiais educacionais e apoio, especialmente para crianças em situação de vulnerabilidade...
- E criou um programa de mentoria para meninas.
Ela também lançou projetos para garantir fontes de renda sustentável para mulheres, permitindo que sustentassem suas famílias e enviassem seus filhos e filhas para escolas em cidades vizinhas.
Como instrutora policial, ministrou treinamentos em diversas áreas fundamentais para o fortalecimento do Estado de Direito.
Obrigado, Superintendente, por tudo que você fez.
O trabalho dessas mulheres extraordinárias ajudou a fortalecer os laços entre a missão em Abyei e a comunidade local — um presente inestimável para qualquer operação de paz.
Quero expressar minhas mais sinceras felicitações a ambas por suas realizações e por receberem esses prêmios hoje.
Sinto um enorme orgulho de vocês duas — assim como me orgulho de todos(as) os(as) nossos(as) Capacetes Azuis, do passado, do presente e do futuro.
Nossos(as) Capacetes Azuis servem ao mundo com honra e serviço.
Que possamos servi-los(as) também, em honra ao seu serviço e sacrifício — hoje e todos os dias.
Muito obrigado.
Para saber mais, siga @unpeacekeeping nas redes e visite a página especial da ONU Brasil para o Dia das Forças de Paz das Nações Unidas 2025.
Discurso de
